Clipping para o Fórum 21
No próximo domingo (22) acontece o primeiro turno das eleições presidenciais na Argentina e o ministro Fernando Haddad (Fazenda), em entrevista à agência Reuters, manifestou a sua preocupação com uma possível vitória do candidato de extrema-direita argentino Javier Milei (Liberdade Avança). Entre os favoritos, além de Milei (Liberdade Avança), está a conservadora Patricia Bullrich (Juntos pela Mudança) e o atual ministro da Economia, Sergio Massa (União pela Pátria).
“É natural que eu esteja (preocupado). Uma pessoa que tem como uma bandeira romper com o Brasil, uma relação construída ao longo de séculos, preocupa”, afirmou Haddad. Segundo o ministro, “não se transpõe para as relações internacionais, as questões internas. Mesmo quando você tem preferências, manifestas ou não”, vide o próprio exemplo do presidente Lula, que mantém relações amigáveis com chefes de Estado de todo espectro político.
Apelidado de “Bolsonaro da Argentina”, Milei afirmou que limitaria o comércio com o Brasil, caso fosse eleito. No começo da semana, Bolsonaro divulgou mais um vídeo em apoio à candidatura do extremista argentino. Resta saber se ele irá ajudar ou atrapalhar, afinal, os “crescentes problemas legais” e o pedido de indiciamento de Jair Bolsonaro por cinco acusações na CPI de 8 de Janeiro, encerrada nesta semana, ganharam as manchetes internacionais.
PEDIDO DE INDICIAMENTO
O relatório da CPI terminou no final da tarde desta quarta-feira (18) com o pedido de indiciamento do ex-presidente, de cinco de seus ministros, seis ex-auxiliares diretos, além de 27 militares e policiais militares, entre eles ex-comandantes do Exército e da Marinha e personagens do . O total é de aproximadamente 60 pessoas envolvidas com ações golpistas no país. Elaborado pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA) o relatório, fruto de cinco meses de trabalho, foi aprovado por 20 votos favoráveis e 11 contrários.
Na próxima semana, a chefe interina da PGR, a procuradora Elizeta Ramos, deverá receber o documento da própria senadora Eliziane. Em sua fala, ela destacou o 8 de Janeiro como uma obra do bolsonarismo: “Não foi um movimento espontâneo ou desorganizado. Foi uma mobilização idealizada, planejada e preparada com antecedência”, destacou a agência pública estadunidense NPR.
A Reuters também trouxe duas reportagens sobre o resultado da CPI brasileira. “Bolsonaro ainda é alvo de pelo menos cinco investigações criminais lideradas pelo Supremo Tribunal Federal”, destaca a agência britânica, elencando as acusações: a divulgação de notícias falsas sobre as vacinas, o vazamento de detalhes de uma investigação selada da Polícia Federal, a interferência na Polícia Federal, a propagação de desinformação online e o planejamento dos tumultos de 8 de janeiro na capital”. Confira a outra reportagem aqui.
The Brazilian Report complementa, ao lembrar que, além dos demais depoimentos (um para cada acusação diferente: escândalo das joias, 8 de janeiro, registros falsos de vacinação e denúncias do senador Marcos do Val), Bolsonaro prestou mais um testemunho à Polícia Federal nesta semana, agora, sobre o seu envolvimento com as ações do grupo de empresários supostamente envolvidos com a intentona golpista, entre eles, Mayer Nigri (Tecnisa) e Luciano Hang (Havan).
A queda do brasileiro na CPI foi notícia em outros veículos, em particular nos argentinos como La Nacion e Página 12.
SECA NA AMAZÔNIA
A conversa entre os presidentes Lula (Brasil) e Gustavo Petro (Colômbia) na manhã desta quinta e as boas perspectivas de enfrentamento da seca que atinge a região Amazônia, em um esforço conjunto, foi notícia no colombiano KienyKe.
GUERRA ISRAEL/PALESTINA
A França lamentou nesta quinta, o fracasso da resolução da ONU proposta pelo Brasil para a ajuda humanitária em Gaza. Em comunicado (veja a íntegra), o Ministério da Europa e dos Negócios Estrangeiros afirmou que a França votou a favor do projeto brasileiro, “que muito provavelmente reuniria o Conselho em torno de princípios comuns e que contaria com o apoio de 12 países”.
A nota destaca que o projeto brasileiro “condenava inequivocamente os ataques terroristas do Hamas contra Israel, exigia a libertação dos reféns, apelava ao respeito de todos pelo direito humanitário internacional, às pausas humanitárias e à abertura urgente do acesso humanitário pleno, seguro e sem entraves às Nações Unidas, ao CICV e organizações humanitárias em Gaza para permitir o fornecimento de produtos básicos à população civil”.
Enquanto 12 dos 15 membros do Conselho de Segurança votaram a favor do texto liderado pelo Brasil, os EUA votaram contra; a Rússia e o Reino Unido se abstiveram na votação ontem (quarta-feira) destaca o britânico The Daily Star. Já os EUA vetaram a resolução, dizendo ser demasiado cedo para redigir uma resposta adequada à crise do Conselho de Segurança.
No portal AA, da Turquia, uma reportagem elenca o posicionamento dos líderes latino-americanos em relação ao conflito no Oriente Médio.
ECONOMIA
Em entrevista à Reuters, o ministro Haddad também disse que o governo brasileiro está se preparando para introduzir instrumentos de hedge cambial este ano para atrair mais investimentos de longo prazo do exterior, em um esforço para reverter a queda do investimento estrangeiro direto (IED). A iniciativa, agora em fase de finalização em colaboração com o banco central, deverá ser lançada nos próximos 60 dias.
A agência também informa que os centros de exportação de commodities do Brasil estão sob pressão: exportadores relatam atrasos nos embarques de café devido à pouca disponibilidade de caminhões e contentores, enquanto o tempo de espera de carregamento dos navios aumenta, resultando em custos adicionais e atrasos na chegada dos produtos aos destinos.
INDÚSTRIA DE ARMAS
Por fim, duas reportagens da Bloomberg sobre como o Departamento de Comércio dos EUA vem exportando armas para outros países, incluindo o Brasil. Assinada por Jessica Brice, Michael Smith e Christopher Cannon, as duas reportagens mostram como os armamentos e a cultura das armas estão sendo exportados em níveis sem precedentes, sob financiamento do Departamento de Comércio dos EUA.
“O último capítulo da série America: Global Gun Pusher documenta como as autoridades governamentais combinam vendedores e compradores em mercados como o Brasil e o Peru, onde o lobby das armas de fogo dos EUA ajudou a promover a cultura de armas ao estilo americano”, diz o texto, confira aqui e na sequência: “Centenas de funcionários do governo dos EUA tornaram-se representantes de vendas da indústria de armas“.

Javier Milei no programa “La Noche de Mirtha” em 3 de dezembro 2022. (Foto: Ilan Berkenwald/ Wikipedia)

